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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

33 MINUTO




Eu sou assim mesmo:

Eu choro muito e rio pouco

E pouco falo, mas muito ouço

Sou de apanhar e não dar o troco

Eu quase nem grito e já fico rouco

Só mais um pouquinho

E eu fico louco.

Eu sou assim mesmo:

Muita música e pouca dança

O peso mais leve de toda balança

Sou quem chora e nunca descansa

Sou quem, quando ri, logo se cansa

Não sou de sonhos nem tenho esperança

Não sou do agora, sou de lembranças

Não sou de otimismo, de perseverança

Eu fico calado, não dou confiança.

Eu não peço nada

Mas não sou de negar

Eu não tenho pressa

Ando devagar

Eu falo mansinho

Sei bem meu lugar

Eu ando famoso

E nem sei desfilar

Eu não obedeço

E não sou de mandar

Eu só dou as caras

Pra me apresentar.

Eu gosto de ler

Mas não de falar

Não sei escrever

Só sei rabiscar

Não peço perdão

E nem sei perdoar

Não dou meu perdão

Eu não vou perdoar!

Eu faço inimigos

Amigos não há...

Eu guardo as mágoas

Mas não vou me vingar

Eu bebo veneno

E não sei vomitar

Eu morro aos poucos

Mas não vão me enterrar.

Eu carrego o ódio

Mas também sei amar

Crescem minhas unhas

Mas não sou de arranhar

Não tomo emprestado

Pra não estragar

E o que eu empresto

Você pode quebrar

Eu como calado

Não sei reclamar

Não peça desculpas

Não vou desculpar

E não compre outro

Eu vou recusar

Só me entregue limpo

E sem macular

Só acordo tarde

Não sei madrugar

E verde não gosto

Tem que madurar

Se me vir calado

Não tente animar

Sou contraditório

Vou contrariar

Não conte piada

Ou posso chorar

Me fale de dramas

E vou gargalhar

Não mexa comigo

Não sou mungunzá

Dirija depressa

Nem ouse frear

Bem a sua frente a morte está

Avance o sinal

Pode atropelar

Acelere... acelere!

Pode acelerar...

.

.

Simplesmente uma Borboleta